terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Quando procuro nas minhas recordações aquelas
que me deixaram um gosto duradouro,
quando faço o balanço das horas que contaram,
descubro aquelas que fortuna alguma me teria conseguido.
Não se compra a amizade de um Mermoz,
de um companheiro a que as
provações vividas em comum nos ligaram para sempre.
Esta noite de voo e as suas cem mil estrelas,
esta serenidade, esta soberania de poucas horas,
não as compra o dinheiro.
E não compra também aquele aspecto
novo do mundo depois das etapas difíceis,
as árvores, as flores, as mulheres,
aqueles sorrisos coloridos da frescura
da vida que acaba de nos ser devolvida
ao romper da manhã,
todo o concerto de pequenas
coisas que nos recompensam.
(Saint-Exupéry, Terra dos Homens)

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